Análise de Enraizados


Raízes crescem, se espalham, se amontoam... Não sou jardineira mas às vezes é uma boa solução separar as coisas para tudo se organizar.

Esta postagem será uma análise COM SPOILER, mas esse livro já foi resenhado sem spoiler. Então caso você não tenha lido ainda, recomendo dar uma olhada na resenha clicando aqui.

LeituraTendo em vista meus gostos pessoais e minha experiência com essa leitura, vou aqui expor meus pensamentos como leitora. E já puxando o gancho sobre a experiência, posso dizer a que a leitura não teve um ritmo linear. Atribuo isso à alguns fatores de construção da narrativa e edição.

Os capítulos são mais longos do que eu gostaria, isso não foi algo ruim de começo, mas logo eu fui perdendo o fôlego e capítulos mais curtos iam manter o ritmo. Já o livro em si é mais curto do que eu queria, falo isso pensando que poderiam ter mais páginas ou ter sido dividido em três parte.

Teve um momento em que eu não queria ler mais, estava de saco cheio e a leitura tava enfadonha e penso que isso tudo foi pelo aglutinamento de informações que foi sendo cada vez mais compactado. Muita informação num "espaço" apertado de um livro com menos de 500 páginas.

Logo abaixo teremos minha divisão do livro em trilogia, mas também no meio disso vou colocar as ligações que eu fiz com outras obras e os meus sentimentos durante a leitura:

Primeiro
Introduz nossos personagens e o cenário.

Já no começo a gente se depara com um "tradição" esquisita: há cada dez anos o mago Dragão aprisiona uma moça de 18 anos como se fosse um pagamento por seus serviços como feiticeiro que impede que terrível floresta avança sobre as vilas. O que me fez pensar logo em a Bela e a Fera nas primeiras páginas. Um monstro egoísta prende uma donzela, que aceita por um "bem maior" e com a convivência eles vão se envolvendo, além disso temos uma bendita de uma rosa na história que é importante para o desenvolvimento dos dois.

Toda vez que eu pensava no Dragão eu só conseguir o imaginar fisicamente igual ao Rei de Ooo. Já tinha umas meninas da Leitura compartilhada, que pensavam nele como o Tom Hiddleston no filme A Colina Escarlate, e eu vi fanartes com essa ideia também, mas pra mim não rola.

Conhecemos o Príncipe encantado ou melhor mimado. E temos a tentativa de estupro que só aconteceu para ter uma cena da Agienszka usando o feitiço vanastalem como a armadura do Tony Stark. E acho pertinente dizer que o feitiço foi repetido 13 vezes na história toda. Não vemos ninguém levando isso em conta como parte do comportamento escroto do personagem. Acontece mais umas paradas estranhas durante o livro que parecem passar batido mesmo a protagonista teoricamente não parece do tipo que é conivente com essas coisas.

Em uma torre sem saída a nossa protagonista não tem cabelos longos como a Rapunzel, mas usa os tiras rasgadas feitas pelo vanastalem e é nesse momento é que eu senti que a protagonista pego as rédeas da própria história e não é para fugir com um príncipe encantado e sim para salvar a sua vila.

Quando Kasia reaparece na história, mostrando que ela não serviu apenas para ilustrar o background da protagonista, eu comecei a shippar as duas, mesmo sabendo que as chances das tuas ficarem juntas era pequena e spoiler alert e elas não ficam. A história podia ter o amor das duas e isso não ser o foco, nem tirar ofuscar a aventura toda e isso ia ser super natural, pelo menos para mim, que vejo mais consistência num amor construído por afinidade, companheirismo e demonstração de afeto além da proteção mútua, do que uma pessoa interagindo mal e porcamente com a outra sem dar muitas aberturas para desenvolver um relacionamento. Claro que se não tiver atração física não rola, mas acho mais crível isso nas duas do que nos dois.

Como em outra releitura de contos de fadas, Encantada, Agnieszka salva o dragão, assumindo o controle ela impõe mínimo respeito, mas impõe. Dentro da narrativa o respeito não precisava ter sido imposto por demonstração de força e sim com construção de ambas personagens, Agnieszka e Dragão, sendo que com esse desenvolvimento a gente possa acreditar de que ali realmente possa existir um romance.

Com o arco de salvamento da Kasia da super corrupção isso nos traz de volta o Príncipe querendo que eles façam o mesmo com sua mãe que está há anos na floresta. Bem irresponsável, como um príncipe mimado e estuprador é. Iniciando efetivamente o confronto direto com a Floresta, que é realmente a nossa antagonista. A dúvida se o resgate valeu a pena e quais consequências isso vai ter, nos levaria ao nosso gancho para um segundo livro.

Segundo
Desenvolvimento de personagem e expansão do mundo criado.

A chegada na capital, em um lugar muito populoso com um estilo de vida muito diferente a qual a nossa protagonista nunca pisou e está sozinha. Acho interessante mostrar a falta de adaptação dela a esse novo mundo, com uma pegada de romance de época, tipo Elizabeth de Orgulho Preconceito, isso pode mostrar mais sobre o mundo que a autora criou, ter mais demonstração de como a sociedade lida com a magia e com o reinado. Gostei de que mostraram a Agnieszka enfrentando a  vida social com suas sutilezas e hipocrisias do reino sozinha, além das investidas do x . Mas seria muito melhor que essa parte fosse mais explorada junto com a desconfiança do conselho de feiticeiros.

Esses cuidados com o vestido, ela se perdendo no castelo, se esquivando do x e indo em festa é um respiro, dá tempo da gente descansar da pauleira para poder lidar como bando de acontecimentos tensos que estão por vir. É claro que ainda tem a parte que ela precisa se provar feiticeira e toda a ansiedade de não saber o que fazer para salvar a Kasia e consequentemente a Rainha. 

Temos novos personagens interessantes que são deixados de lados por uma aparente pressa de não gastar folhas com entretenimento e construção de personagem para logo chegar nos embates e batalhas. Essa cúpula de feiticeiros e o modo de que é ensinado magia são bem legais de serem explorados. Tanto para conhecer outros tipos de magia mas também mais envolvimento com a história em si.

As coisas esquentam. Gosto que a trama cresceu  e se espalha como raízes. Depois do julgamento intenso com a cena da reprodução do resgate da Rainha e a batalha com a quimera, temos o ápice desse livro e trilogia. Quando percebemos que nossa antagonista saiu de sua floresta e tem o poder do reino em suas mão e que é iniciado uma guerra, nosso gancho é o descobrimento disso e a curiosidade de como essa Guerra vai acabar.

Esse livro com certeza ia ser o que ia mais gostar. Desenvolvimento de um povo que cresceu envolta de uma floresta mágica do mal e de uma burguesia menos exposta a esse perigo e suas frivolidades. Mostrar a corte e seu funcionamento, e como as pessoas que estão na beira da floresta estão isoladas e esquecidas pelo monarca. Além do mais podia ter mais da Agnieszka batendo na cara da sociedade com seu poder e mais da nossa Kasia que só é lembrada na fuga.

Terceiro
Conflitos, resoluções e revelações.

Começamos com a fuga das duas amigas e os legítimos herdeiros do reino para a Torre. Gostei do envolvimento das crianças com a Kasia. 

Já achei que saiu do tom do livro e que foi desnecessário uma cena detalhada de sexo entre Agnieszka e o Dragão. Digo isso pois não houve rastros os suficientes de paixão e sedução deixados ao longo da narrativa para justificar uma cena tão detalhada e que eu não achei sensual e em alguns detalhes achei brega e exagerada. Talvez a autora que nos dar um "alívio" antes da guerra.

A guerra é cansativa e bem dolorida, porque a gente realmente "presencia" a morte de muitas soldados e a grande desvantagem, então não foi fácil ler essa parte. Acho que tivemos muito espaço para uma guerra explícita e pesada, sendo que ter mais páginas para um final menos corrido e mais explicado teria ter melhorado toda a experiência da trilogia.

Quando nossa antagonista é mostrada como ela realmente é, apresentando seu lado da história e seu mundo, tenho a sensação de já ter presenciado esse conceito de pessoas árvores e xablau, em uma das minhas leituras atuais está lá, existem os Ents no Universo Tolkien. Isso nos mostra como essa influência foi algo de um tom nessa história.

Além de ter sentido falta de um mapa, também senti falta de alguns detalhes que não ficaram claros na minha leitura. Gostaria de mais informações sobre o povo da floresta, sobre os poderes de Agnieszka, se são herdados, se tem a ver com reencarnação da bruxa Jaga, como eram criados o Groots e os Louva-deuses do mal, como realmente eram as corrupções...

Com certeza, teriam mais explicações se esse livro fosse um trilogia.

O que você achou da sugestão de uma trilogia?
Obrigada por ter lido até aqui!

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2 Comentários

  1. Gostei muito da forma em que foi dividido, o livro parece ser bem legal.
    Vou deixar na minha listinha do kindle =D

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    Respostas
    1. É bem uma mistura de contos de fadas com Senhor dos Anéis, tendo paciência, você pode gostar.

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