O Peso da Pássaro morto
Com um texto híbrido que mescla muito bem a poesia com um tanto de prosa a autora nacional, Aline Bei, nos conta como foi a história de vida de uma mulher, mas que podia ser qualquer uma de nós. Esse livro já entrou na minha lista de favoritos.
Com poucas páginas eu já tinha o rosto molhado de lágrimas e quando as sequei, foi inútil, já que eu continuei lendo e as gotinhas d'água teimavam em cair dos meus olhos. Sou daquelas que prende as lágrimas numa prisão perpétua e não as deixa sair nem pra tomar um pouco de sol, mas os sentimentos que esse livro, logo de cara me fez sentir, afrouxou as paredes aprisionantes e as lágrimas que já tinham cumprido as suas sentenças e sairam.
Me permiti sentir dor. Reconheci um pedacinho da minha vida no meio dessas páginas e sei que tem mais pedacinhos de mais mulheres ali dentro. É um livro sobre ser mulher, sobre ser mãe mas também filha e também sobre não ser muitas coisas. Não foi feito para ser lido e sim sentido.
É um livro que releria e mais de uma vez, daqueles que a gente sabe que doi, mas precisa, mas também faz sorrir por cumplicidade e pelos pequenos detalhes. Mostra de que a vida não é perfeita. Devo mencionar que é uma história dolorosa e que esse livro possui assuntos sensíveis como abuso sexual e morte. Caso tenha dúvida sobre possíveis gatilhos, você pode me perguntar pelas redes sociais ou até mesmo por email.
É gostoso saber que esse livro é vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018, na categoria Melhor Romance de Autor com Menos de 40 anos, é bom saber que a gente não vai acabar perdendo nenhuma fagulha ou migalha no meio das traduções, por mais boas, artisticas e bem trabalhas que sejam. É uma boa sensação observar uma obra do jeito que foi concebida, mais próxima de pura, mais próxima do que foi o pensamento do autor.
Você conhece mais algum livro assim também? Me indiquem por favor!
Obrigada por ter lido <3

4 Comentários
Gente senti uma imensidão pelo seu texto.
ResponderExcluirPelo que você colocou, você acha que esse livro te ajudou a alterar sua percepção como filha?
Senti que são aqueles livros que a gente sabe que vai doer porém a curiosidade faz com que a gente leia.
E conseguiu abordar sem spoiler, ja que ficou bem em aberto sobre para qual personagem a questao se destina.
Realmente é uma imensidão.
ExcluirSobre a minha percepção sobre filha, eu acho que me mostrou que nem sempre ser mãe significa criar um laço.
É livro de chorar, daqueles que vc vai contar pra alguém e olho ta se afogando.
Obrigada <3
Amei esse texto! Gostei do aviso sobre os gatilhos, importante saber. A delicadeza do livro parece combinar com a delicadeza do seu texto. Ou ao contrário.
ResponderExcluirMá Lazzeri
Obrigada pela ajuda com o aviso sobre os gatilhos, eu não desenvolvi também como a suas ideias, mas me deu ideias para ir criando maneiras de alertar sobre gatilhos sem estragar a experiência.
ExcluirObrigada <3