Uma leve distopia política, jovem e brasileira que mostra que nossa realidade, infelizmente, não está muito longe disso.

Com um grupo de jovens amigos, unidos, reais e próximos, vamos acompanhando como as coisas mudaram depois que um fanático religioso tomou o governo do país. Um alerta de como a nossa liberdade é frágil e as minorias sempre são as primeiras a sentir isso na pele.

É um livro sobre amizade, união e coragem para lutar pelo que se acredita mesmo não sendo um herói. Falando em herói, temos boas referências da cultura pop, a grande maioria de quadrinhos. Mesmo que você não conheça as referências, não te deixa perdido, a maioria é como pegar uma informação no ar. Já as menções aos locais de São Paulo sinto que sejam um plus só para quem já conhece.

Muito legal ter algo ambientado em lugares familiares. Saber que a locação é real, dá uma sensação de pertencimento a obra, como eu leio muitas coisas não brasileiras não estou acostumada. É uma sensação agridoce fazer quase que um tour literário pela minha cidade nessa época de quarentena em que eu não posso ver e ocupar esses espaços igual os personagens, mas isso me ajudou a me conectar com a história.

Apesar da conexão com o cenário, o começo do livro me pareceu um pouco mecânico. Foi como conversar com um desconhecido: começa tenso, mas conforme o tempo e o assunto vão avançando, laços são criados e tudo começa fluir melhor e já não somos mais desconhecidos. Logo padrões vão sendo estabelecidos, temos piadas internas e maneiras de reconhecer certos ganchos pra que as coisas continuem fluindo, mas ainda existem mistérios e isso mantém o interesse, apesar de não ser isso o principal que nos liga. Chegando no fim desse papo, eu senti que talvez na próxima conversa com esse novo amigo, a gente saia pra tomar um breja. 

Você já leu um livro brasileiro esse ano? Me conta suas impressões e se você conseguiu pegar esse e-book na época que estava grátis.

Obrigada por ter lido!