Lidos de 2019

O ano que passou foi importante para retornar de vez para a leitura. Venha dar uma olhada no que me trouxe de volta.

Em tempos complicados da minha adolescência foi a leitura que me fez companhia. Porém, depois de um bom tempo com leituras mais diluídas e esporádicas, 2019 foi o meu retorno à esse meu antigo companheiro.
Ao longo da descrição da minha caminhada literária eu fui descobrindo que a minha volta em 2019 teve raízes em outros lugares.

Um ano e meio trabalhando e fazendo curso técnico ao mesmo tempo, não me deixaram com muita cabeça e tempo pra ler, entretanto lembro que mesmo nessa época eu fiz uma leitura densa de 1984 (George Orwell). 
Depois disso veio um ano bem complicado, 2018. Vivendo de um bico de garçonete nos fins de semana e convivendo com a minha dupla infalível, ansiedade e depressão, li apenas alguns livros, pois minhas inquilinas me davam pouca folga. Em setembro, li alguns livros de ficção sobre suicídio, uma campanha promovida por mim mesma que me fez bem e deu um bom ânimo.

Em novembro, volto a bater ponto. Com isso veio o tempo gasto no transporte público. Morava no ABC e ia para Barra Funda, em São Paulo, para trabalhar com moda. Toda minha rota envolvia 3 ônibus e caminhada, uma verdadeira viagem. Mesmo com dificuldades de ler em movimento, no ônibus que aqui em SP apelidamos de "fura fila", com um trajeto suave e sem sacolejadas, com velocidade constante e sem grandes sustos, eu conseguia ler, caso eu sentasse. Nessas breves chances, eu voltei aos poucos .

 Mantendo minha ligação com os livros anteriores, li Biblioteca de Almas (Ransom Riggs), o terceiro da saga Crianças Peculiares. A influência foi do Felipe, meu namorido, que já tinha lido a, até então, trilogia. 
O primeiro dos livros me deixou instigada com as fotografias, foi um apelo pro meu gosto por coisas estranhas e bagunças no espaço-tempo.
O segundo foi o que eu menos gostei dos três. Os acontecimento não me empolgaram a ponto de querer ler o livro o tempo todo, achei lento mas o mundo criado por Ransom Riggs ainda me gerava curiosidade.
Apesar da minha impressão de ter menos fotografias no terceiro, tudo foi compensado com adrenalina e energia fazendo que o ritmo me deixasse ansiosa para ter mais tempo para ler de novo. Uma desvantagem em ter lido esses livros no Kindle foi ter perdido a experiência de ver as fotos impressas.

Eu fui demitida da empresa em que trabalhava e com a rescisão veio o meu tão sonhado par de patins. Comecei a documentar minha evolução num blog, e na procura por gifs encontrei uma série baseada em um livro que parecia interessante.
Objetos Cortantes (Gillian Flynn) foi umas das minhas leituras mais acaloradas e empolgantes do ano. Eu praticamente comi 328 páginas em menos de uma semana, mesmo estando "fora de forma". Fui envolvida em uma trama cheia de reviravoltas e com uma personagem tão humana quanto as pessoas podem ser. Camille me fez sentir quase como se eu fosse parte da mente dela, uma observadora daquele caos psicológico e no meio disso desvendamos juntas o mistério da sua pequena cidade natal.
Logo que terminei já emendei na série. Lembro que eu comecei ver a série no celular por que estávamos de mudança de casa, um dia em São Bernardo, outro em São Paulo e nada no lugar, mas queria vivenciar mais a série. O patins era apenas um elemento secundário presente na série.

Ainda sentido saudades da leitura anterior e feliz de estar gastando proveitosamente o tempo do metrô do novo trabalho para a nova casa, embarquei na leitura de A cidade do Sol (Khaled Hosseini). 
Livro físico, ganhado de uma amiga maravilhosa e que merecia ter sido lido antes. Duas figuras femininas fortes, com uma trajetória geográfica e socialmente tão longe do Brasil, mas que a gente consegue se envolver facilmente torcendo por elas e ao mesmo tempo vai entendendo como o meio em que elas vivem se transforma e a história delas também. 
Comecei ler na hora do almoço, na ansiedade de saber se as protagonistas estavam bem. O enredo tem fatos históricos mas também muito emoção. Você se pega preocupada, quer saber como elas estão, e é normal também sentir raiva e tristeza pela situação. Apesar do coração sofrer durante a leitura, no final ele vai estar aquecido. 

Com as polêmicas do livro e o hype da segunda parte do filme adaptado de It, a coisa (Stephen King), mesmo temerosa por conta do tamanho, li a primeira página por curiosidade e não parei mais.
Acho que só continuei por ser um ebook, não sei se aguentaria carregar mais de mil de páginas pelo transporte público lotado. Apesar de ser um calhamaço, eu não me cansei das crianças atormentadas por uma palhaço medonho. O Suspense me puxou pelo pé e eu fui ficando.
Comecei sentir necessidade de conversar sobre o livro, mas ninguém conhecido tinha lido. Queria falar sobre os acontecimentos, sobre as referências da cultura pop norte americana da época, mas também como essa obra pode ser vista por uma jovem feminista quase 34 anos depois da sua publicação.

Seguindo um sonho de infância e com a necessidade de ter com quem conversar, comecei a Saga Harry Potter (J. K. Rowlling) pela primeira vez com 25 anos. Conversei com o Felipe que releu em inglês. Foi bem gostoso dividir essa experiência com ele.
Para complementar toda a áurea bruxa, comecei ouvir o podcast norte americano, "Potterless", uma jornada de um adulto lendo pela primeira vez Harry Potter. Além da similaridade com a minha história, me ajuda a treinar o inglês, já que money pra curso nóis não have. Mike Shubert fala rápido, tem  bom humor, odeia quadribol e é dono de uma voz grave que pontua suas dúvidas e desdobramentos com um convidado que já é conhecedor e fã.
Li 6 de 7 em 2019, do Pedra Filosofal ao Enigma do Príncipe, o último terminei em 2020. O trio de bruxinhos me seguiram no transporte, na viagem de feriado na Praia, no meu aniversário, no meus sonhos e no recesso de final do ano. Até hoje o barulhinho sonoro da linha azul do metrô, que tinha acabado de mudar na época que comecei a ler, me lembra o Harry.


Foram 10 títulos lidos. A meta de 2020 é 25. Quantos livros você leu no ano que passou? Deixa aqui nos comentários.
Obrigada por ter chegado até aqui e ter me acompanhado nessa jornada curta, mas especial que foi o ano de 2019. 

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2 Comentários

  1. Fiquei bem curiosa pelo livro Biblioteca de Almas, eu acompanhei algumas trilogias quando mais nova e sempre fiquei bem envolvida com os livros. Agora sua perspectiva sobre Biblioteca de Almas me deixou MUITO curiosa sobre ler. =)
    Tentarei nao me sabotar e ver a série antes hausha

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    1. Que bom que eu te animei.
      Esse livro tem bastante ação. A série deixou de ser uma trilogia e já tem mais 2 livros da saga. Se você curtir uma história infanto juvenil estranha e tiver paciência para uma saga, é uma boa para você.
      Estamos todos tentando não nos sabotar <3

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